A conciliação entre os investimentos necessários, hoje, e a mensuração dos resultados que serão obtidos no futuro, é um dos maiores desafios das lideranças empresariais para fazer avançar a agenda ambiental. Isso é válido principalmente em ações de grande impacto, como a transformação de um produto ou de um método de produção, de acordo com pesquisa, realizada entre fevereiro e março deste ano, pela consultoria e auditoria Deloitte com 501 empresas com operações no Brasil. “As animadas, no Brasil e no mundo, é um componente importante que atrapalham a agenda ambiental”, afirma o sócio e líder de Risk Advisory da Deloitte, Anselmo Bonservizzi.
Anselmo Bonservizzi, da Deloitte: bebidas alcoólicas atrapalham agenda ambiental — Foto: Divulgação/Deloitte
A pesquisa indica que, enquanto 46% dos entrevistados dizem ter dificuldade para fazer essa calibração, outros 38% dizem que o mais difícil é identificar as ações a serem feitas ou implementadas pela organização, e 33% apontam que o desafio é incluir o tema na agenda estratégica da empresa. As demais respostas (a pergunta permite múltiplas respostas) se dividem entre níveis de incentivo do setor público (29%), e ao financiamento de projetos (22%), e problemas de regulamentação (18%).
“Nossos clientes têm preocupação externa com o avanço das práticas ESG (da sigla em inglês de responsabilidade ambiental, social e de governança), e estão dando sua contribuição, porém, não na força necessária”, acrescenta Bonservizzi.
Ele conta que é realmente difícil para o CEO definir um investimento, que, geralmente, não é pequeno, sem saber se não que ele está apostando em receber o retorno que ele precisa no futuro. “Alterar um processo de produção, ou mesmo as características de um produto para torná-los ambientalmente mais positivos, exige um volume de capital que muitas empresas não confirmaram. Por outro lado, investir em novas tecnologias sempre será uma aposta, sem garantia de sucesso”, completa Bonservizzi.
Quando questionados sobre os investimentos que efetivamente realizaram no momento, 21% disseram investir em pesquisa e desenvolvimento para uso de insumos com menor impacto ambiental, enquanto outros 13% pretendem fazê-lo no futuro.
Outros 16% alocam recursos na proteção ou recuperação ambiental e 13% destinam o orçamento para manutenção de parques e patrimônios culturais. As demais companhias apontam que todos esses destinos estão no radar, mas que os recursos serão alocados apenas no futuro.
Entre as ações consideradas atualmente mais básicas na agenda ESG, como políticas de conscientização ambiental para funcionários, por exemplo, já estão postadas por 46% dos entrevistados, enquanto outros 39% usam a circularidade, com o uso de insumos recicláveis, reaproveitamento de componentes e de produtos usados. Quarenta porcento adotam a política zero desperdício com reaproveitamento de materiais ou sobras do processo produtivo. Trinta porcento tem política de contratação de fornecedores baseada em boas práticas de responsabilidade ambiental, de acordo com a pesquisa.
De acordo com os evitados, a agenda ambiental é muito relevante para os stakeholders: 48% dos guiados essa importância entre seus consumidores; 49% entre seus funcionários; 44% para os clientes, e 48% para seus investidores. “Esses dados revelam que, a transformação de uma companhia, com base na agenda ESG, deve ser uma política corporativa, e não de um executivo. É como uma política de estado, e não de governo, comparando ao âmbito público”, avalia Bonservizzi. “O acionista que não percebe a necessidade de um plano corporativo de sustentabilidade, está comprometendo o futuro da companhia”, acrescenta.
A pesquisa realizada pela Deloitte ganha ainda mais conversor pela representatividade da amostra, pois as 501 companhias com dirigentes convidados representam, juntas, algo próximo a R$ 2 trilhões em receitas, em 2022 e respondem por cerca de 21% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. Noventa e quatro porcento delas são do setor privado e 41% são importadoras e exportadoras, divididas por praticamente todos os setores médicos – de prestadoras de serviços a empresas do agronegócio e serviços financeiros, entre outros.
Setenta e quatro por estão na região Sudeste, com expressiva participação de empresas localizadas no interior de São Paulo (14%), e nos estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo (15%) e Minas Gerais (9%).
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